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DEPRESSÃO, EXISTE MESMO?

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DEPRESSÃO, EXISTE MESMO?

Sim, existe! A depressão é um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com ele. A condição de uma pessoa depressiva é diferente das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana, ou seja, não se trata de um episódio de raiva ou um simples aborrecimento, mas sim de uma patologia. Especialmente, quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma difícil condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo a depressão a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.

A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam o problema em algum momento da vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 12 milhões de brasileiros são acometidos pela depressão, e nosso país tem o maior número de casos em toda América Latina, sendo o segundo no mundo com maior taxa de depressão, com 9,3% da população sofrendo com a doença. Se considerarmos o aumento da expectativa de vida, a depressão acomete não só, mas, sobretudo, a população idosa. Um estudo da American Association of Geriatric Psychiatry aponta que 20% da população mundial acima dos 55 anos enfrenta algum problema de saúde mental. Entre eles, estão aqueles ligados ao comprometimento cognitivo (Alzheimer) e o transtorno de humor (Depressão). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a incidência da depressão é maior entre mulheres na faixa de 60 a 64 anos. De fato, o transtorno depressivo é considerado um problema de saúde pública no Brasil.

O QUE É DEPRESSÃO?

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história, ou seja, a depressão é classificada como uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, a dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos. Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A depressão é um transtorno comum, mas sério, que interfere na vida diária, capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. É causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Algumas pesquisas genéticas indicam que o risco de depressão resulta da influência de vários genes que atuam em conjunto com fatores ambientais ou outros.

A depressão causa tristeza profunda, oscilações de humor, perda de interesse em atividades antes vistas como prazerosas, insônia e desânimo. Em casos mais graves, é capaz de afastar o indivíduo do trabalho e do convívio social, além de provocar ideações suicidas e até mesmo conduzi-lo ao ato. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DEPRESSÃO?

Veja abaixo 12 Sintomas da Depressão:

1. Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;
2. Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;
3. Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;
4. Desinteresse, falta de motivação, apatia, falta de vontade e indecisão;
5. Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;
6. Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte;
7. Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo;
8. Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
9. Diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido;
10. Perda ou aumento do apetite e do peso;
11. Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo);
12. Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarréia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros.

A DEPRESSÃO OCORRE SOMENTE DENTRO DO HISTÓRICO FAMILIAR?

Não, pode variar. Alguns tipos de depressão tendem a ocorrer em famílias. No entanto, a depressão também pode ocorrer em pessoas sem histórico familiar do transtorno. Nem todas as pessoas com transtornos depressivos apresentam os mesmos sintomas. A gravidade, frequência e duração variam dependendo do indivíduo e de sua condição específica. A depressão é resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos. Pessoas que passaram por eventos adversos durante a vida (desemprego, luto, trauma psicológico) são mais propensas a desenvolver depressão. A depressão pode, por sua vez, levar a mais estresse e disfunção e piorar a situação de vida da pessoa afetada e o transtorno em si. Existe relação entre a depressão e a saúde física – doenças cardiovasculares, por exemplo, podem levar à depressão e vice e versa.

Episódios depressivos podem ser categorizados como leves, moderados ou graves, a depender da intensidade dos sintomas:

Episódio Depressivo Leve: a pessoa terá dificuldade em continuar um trabalho simples e participar de atividades sociais, mas sem grande prejuízo ao funcionamento global.
Episódio Depressivo Grave: torna-se improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou domésticas.

Uma distinção fundamental também é feita entre depressão em pessoas que têm ou não um histórico de episódios de mania. Entende-se por mania, um conjunto de sintomas psicopatológicos diametralmente opostos à depressão. Caracteriza-se por humor eufórico (ou irritável), excitação psicomotora, elevação da autoestima, aceleração de pensamento e discurso, supervalorização das próprias capacidades e otimismo excessivo. Ambos os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem tratados. São eles:

• Transtorno Depressivo Recorrente: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por pelo menos duas semanas. Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimentos de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis.

Transtorno Afetivo Bipolar: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e de depressão, separados por períodos de humor normal. Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, bem como a aceleração do pensamento.

A DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE E ISOLAMENTO SOCIAL

A falta de convívio social pode causar consequências negativas para a saúde mental, principalmente nos idosos. Inclusive, pessoas da terceira idade apresentam sintomas depressivos diferentes de um jovem. Idosos em geral, não se queixam de tristeza ou falta de energia, mas de dores físicas, problemas de memória e dificuldades para dormir. Não comer direito, ficar recluso e ter uma noite mal dormida, podem ser indicadores de um quadro depressivo e certamente não fazem parte de um envelhecimento saudável.

Viver sozinho na terceira idade não significa necessariamente que o idoso terá depressão, contudo não é recomendável, e se torna especialmente importante que os familiares e pessoas do círculo social mais próximo fiquem atentos aos possíveis sinais que indiquem a doença, como sintomas e mudanças comportamentais. Ao se cuidar da saúde mental de idosos devemos considerar a questão geracional e analisar as crenças de corte de cada paciente e contextualizá-las frente à dinâmica cultural do momento. A essa população são recomendados exercícios físicos, o convívio com animais domésticos, frequentar grupos voltados à terceira idade, atividades que estimulem suas estruturas cognitivas.

COMO FAZER TRATAMENTO PARA DEPRESSÃO?

Como é uma patologia potencialmente grave e de rápida evolução, a depressão requer diagnóstico precoce e tratamento regular. A combinação de antidepressivos e acompanhamento psicológico continua sendo a melhor estratégia para reverter o quadro.

1. Tratamento para Depressão com Medicamentos

O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia medicamentosa é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou ao longo da vida, para evitar o aparecimento de novos episódios. Os antidepressivos podem ser eficazes no caso de depressão moderada-grave, mas não é a primeira linha de tratamento para os casos mais brandos. Esses medicamentos não devem ser usados para tratar depressão em crianças e não é, também, a primeira linha de tratamento para adolescentes. É preciso utilizá-los com cautela.

2. Tratamento Psicoterápico para Depressão

Atualmente, as terapias cognitivo-comportamentais (TCC) têm sido uma das principais soluções usadas por profissionais de saúde mental. A psicoterapia ajuda o paciente e o auxilia em sua reestruturação psicológica, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse. O psicoterapeuta irá ajudar o seu paciente nos domínios do pensamento, dos afetos e do comportamento para o resgate de uma vida mais feliz e funcional.

De forma simplificada, podemos exemplificar ações importantes no processo psicoterápico, proposto pela TCC, para tratamento da depressão, tais como:

1. Propor para que o paciente faça alguma atividade, mesmo que a letargia queira tomar conta de seu comportamento. Engajar-se em uma atividade e tirar o foco do que está exclusivamente direcionado aos seus problemas;

2. Motivá-lo com algo que possa lhe trazer uma satisfação pessoal, mesmo que sejam coisas simples como ler um livro. Isto pode melhorar o campo perceptivo e oferecer a oportunidade e a capacidade de pensar diferente;

3. Desenvolver e praticar exercícios cognitivos, como a parada de pensamentos pessimistas e aprender a detectar os pensamentos negativos e auto-derrotistas, como também tomar uma atitude positiva diante deles;

4. Avaliar e verificar os próprios pensamentos, vencendo o medo de que as coisas não deem certo;

5. Aprender a reestruturar os pensamentos para a detecção de estímulos internos e externos, desencadeantes da depressão;

6. Ensinar o paciente a anotar quais são os pensamentos, sentimentos e afetos e os próprios comportamentos envolvidos na depressão para que seja discutido nas sessões;

7. Tomar consciência e quebrar o padrão das verbalizações irracionais, fruto de aprendizagens advindas da infância, como por exemplo: “É muito difícil”, “Não vou conseguir”, “Não saberei me comportar de forma natural”, “Não quero tentar”, “Sinto me cansado e velho” entre outras distorções;

8. Avaliar as reações somáticas, advindas de quadros ansiosos e verdades (crenças) pessoais e interpessoais que alimentam a depressão;

9. Identificar, com a ajuda do psicoterapeuta os estímulos que desencadearam a primeira crise depressiva;

10. Rever e reorganizar os planos pessoais, metas de curto e longo prazo nos campos intelectuais, familiares, sociais e profissionais;

11. Aprender a evitar e enfraquecer o autocriticismo e críticas severas e desproporcionais aos ambientes, pessoas e aos acontecimentos envolvidos no passado e no presente;

12. Aprender que as emoções são manifestações humanas, aceitá-las de maneira mais adaptativa e ter maior controle sobre elas como o medo, a tristeza, ansiedade e a raiva;

13. Após uma missão cumprida, aprender a valorizá-la, relaxar fisicamente e permitir-se ao prazer de desfrutá-las;

14. Reexaminar sempre os pensamentos e as ações. Faça um balanço de como foi o seu dia e se possível planejar o próximo em passos pequenos e simples, porém prazerosos. Colocar em sua rotina uma boa alimentação, ouvir uma bela canção, ou seja, pequenos prazeres possíveis;

15. Procurar ficar perto de pessoas que possam lhe oferecer vontade de viver. Pessoas otimistas geralmente são mais alegres e contagiantes!

O objetivo maior da psicoterapia é oferecer ao paciente a oportunidade de reavaliar suas crenças frente a aprendizagens disfuncionais. Essas crenças conduzem a pessoa ao sofrimento, pois a maneira como o paciente percebe e processa (enxerga) as situações que a realidade externa chega até ele pode gerar afetos negativos e comportamentos contraproducentes, e dessa maneira comprometer seu bem estar e qualidade de vida. Portanto a psicoterapia poderá oferecer ao paciente a oportunidade de aprender formas de pensar, enfrentar e resolver os problemas do dia a dia de forma mais adaptada e funcional em benefício de sua saúde, além de lhe proporcionar autoconhecimento.

O que fazer quando estiver deprimido ou se sentindo "para baixo"?

• Procure conversar com alguém de sua confiança sobre seus sentimentos;
• Não se envergonhe em pedir ajuda. Consulte um profissional da área de saúde (médico ou psicólogo) que certamente poderão lhe ajudar!
• Permaneça conectado. Mantenha contato com familiares e amigos, ou seja, não se isole ou ache que poderá resolver tudo sozinho;
• Faça exercícios regularmente, mesmo que seja uma atividade leve ou moderada;
• Procure manter hábitos alimentares e de sono regulares;
• Evite ou restrinja a ingestão de álcool e abstenha-se de usar drogas ilícitas; (estas poderão agravar a depressão).
• Dê continuidade fazendo as coisas que sempre gostou, mesmo quando não estiver com vontade (mantenha-se ativo)
• Esteja atento aos pensamentos negativos persistentes e à autocrítica e tente substituí-los por pensamentos agradáveis ou maneiras alternativas de pensar. Parabenize-se por suas conquistas.

 

Este vídeo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) esclarece de forma ilustrativa os danos causados pela depressão, mas também sua possibilidade de tratamento e o restabelecimento de uma vida mais feliz e produtiva! Vale a pena assistir!

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Dr. Marcelo Martinelli

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