Psicologia Clinica

O QUE É PSICOLOGIA CLINICA?

A Psicologia Clínica está situada na área específica da saúde, é muito ampla e transita em diferentes contextos na busca da redução do sofrimento humano em sua complexidade e subjetividade. As intervenções em Psicologia Clínica podem ocorrer de forma individual, grupal e institucional com objetivos preventivos, diagnósticos ou curativos. Utiliza procedimentos diagnósticos psicológicos como entrevistas, instrumentos de medida, avaliação psicológica, bem como atendimentos psicoterapêuticos em diversas modalidades: psicoterapia individual, de casal, familiar ou em grupo, psicoterapia lúdica, terapia psicomotora, arteterapia, orientação de pais entre outros. De fato, a Psicologia Clínica pode ocorrer e ser exercida, em hospitais, na elaboração de políticas públicas de saúde, compor equipes multiprofissionais, estruturar projetos de grupos de apoio entre outras atividades.

O QUE É PSICOTERAPIA?

Muito se confunde Psicologia Clínica com Psicoterapia, contudo as técnicas e métodos psicoterapêuticos são muito variados e pertencem, ou servem, por assim dizer, a Psicologia Clínica. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000) Psicoterapia é a prática do psicólogo na área da Psicologia Clínica, com respaldo técnico e científico que busca a promoção da saúde mental e criação de condições de enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psicológicos de indivíduos ou grupos.

QUAIS OS TIPOS DE PSICOTERAPIA?

A American Psychological Association (Associação Americana de Psicologia – APA) avalia a existência de mais de 400 escolas de psicoterapia. No Brasil, comumente encontramos linhas ou abordagens: Análise do Comportamento, Psicanálise, Cognitivo Comportamental, Gestalt, Humanista, Cognitiva, Racional Emotiva, Lacaniana, Mindfulness, Aceitação e Compromisso entre outras. E agora? Diante desse grande número de possibilidades terapêuticas qual decisão tomar?  Qual seria  a  melhor  abordagem  ou  técnica  para o meu caso?
No que diz respeito à evolução técnica e cientifica da psicologia, ao escolhermos um tipo de psicoterapia, podemos tomar como referência a temática da Psicologia Baseada em Evidencias. A Prática da Psicologia Baseada em Evidencias (PPBE) é definida como a integração de consolidadas teorias psicológicas com melhor evidência de pesquisa científica disponível somada à experiência profissional do psicoterapeuta na tomada de decisão em relação ao tratamento clínico de seu paciente, levando em consideração suas características pessoais, culturais e preferências. Algumas organizações internacionais publicam diretrizes e práticas que possam contribuir para responder a perguntas sobre a eficácia das psicoterapias. Destaca-se a National Institute for Healh na Care Excellence e a Divisão 12 da American Phychological Association. Alem disso, a base de dados Cochrane Library reúne consensos a partir de revisões sistemáticas e metanálises.

  • Metanálise é um método de pesquisa que agrupa dados de diferentes estudos em um mesmo banco de dados e utiliza metodologias analíticas e estatísticas para explicar a variância dos resultados, utilizando fatores comuns aos estudos, ou seja, analisar o que já foi analisado por outros estudos em uma força conjunta.

As evidencias de pesquisa são classificadas considerando-se informações científicas de maior confiabilidade e precisão em condutas terapêuticas e preventivas. Diante disso, as intervenções psicoterapêuticas devem responder as seguintes questões que representam quatro características muito importantes: eficácia, efetividade, eficiência e segurança:

  • Eficácia: a psicoterapia funciona em condições de “mundo ideal”, ou seja, em um estudo controlado?
  • Efetividade: a psicoterapia funciona em condições de “mundo real”?
  • Eficiência: o custo benefício do tratamento é avaliado?
  • Segurança: a psicoterapia tem efeitos confiáveis, que tornam improvável a ocorrência de algum efeito indesejável?

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

A Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) é uma das abordagens que apresentam fortes evidencias cientificas para diversos tipos de patologias e é citada pela Sociedade de Psicologia Clínica da Divisão 12 da Associação de Psicologia Americana (APA). De fato, os estudos apresentados por essa entidade apontam resultados positivos da TCC para o tratamento de depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (adultos), insônia, anorexia nervosa, compulsão alimentar, bulimia nervosa, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo, fobia social (ansiedade de falar em público), cefaleia crônica, transtorno bipolar, esquizofrenia, fibromialgia, dor reumatológica, fobias específicas (ex.: animais, altura, sangue, agulhas, insetos, voar, dirigir etc.) Faz-se importante ressaltar que a TCC, nos casos mencionados anteriormente, atende aos critérios postulados pela Psicologia Baseada em Evidencias e atende aos quesitos de eficácia, efetividade, eficiência e segurança. 

É nesse contexto que se destaca a importância de uma prática profissional responsável, não baseada em preferências, mas criteriosamente embasada e justificada, como também é desejável que haja minimamente uma aproximação entre psicólogos clínicos e pesquisadores.

APENAS O CRITÉRIO CIENTÍFICO DEVE SER OBSERVADO NA ESCOLHA DA MINHA TERAPIA?

Não. Outros aspectos muito importantes devem ser considerados como: a qualificação profissional, a aliança terapêutica e suas preferências pessoais, ou seja, você deve se sentir seguro, satisfeito com o serviço prestado, confiante em seu tratamento e conectado (vinculado) ao seu psicoterapeuta. No campo da Psicologia, o segundo passo será procurar um profissional devidamente qualificado e cadastrado no Conselho Regional de Psicologia (CRP), órgão fiscalizador e que regulamenta a profissão do Psicólogo no país junto ao Conselho Federal de Psicologia (CFP). Verifique ou peça seu número de registro e faça uma consulta no site do Conselho Federal de Psicologia e veja se o profissional está ativo. Me responda uma coisa: você se consultaria com um médico, ou um dentista que não tivesse seu registro profissional legalizado e ativo, ou que esse profissional não tivesse uma boa formação reconhecida pela ciência e que pudesse ser fiscalizada por uma entidade superior? Você faria uma cirurgia com um mal profissional ou aceitaria uma medicação receitada por uma pessoa não qualificada? Certamente não! Pois é, com a sua saúde mental, ao buscar sua psicoterapia, você deverá tomar os mesmos cuidados, você merece o melhor tratamento disponível!

QUAL A BASE DA TERAPIA COGINITVO COMPORTAMENTAL?

Essa terapia tem como base o modelo cognitivo, ou seja, a estrutura do pensamento. Desse modo, podemos entender que nossos pensamentos geram emoções, e por consequência, nossas emoções geram nossos comportamentos (Pensamento – Emoção – Comportamento). De maneira simplificada um sistema funcional seria entendido como: bons pensamentos, afetos positivos e comportamentos adequados; já o sistema disfuncional, o contrário. A base da terapia seria desenvolver recursos cognitivos (mentais/de pensamento) para encararmos as situações cotidianas que nos chegam de forma adequada, sem distorções, para o equilíbrio das emoções e assertividade de nosso comportamento em prol de nossa saúde global.

COMO FUNCIONA A TERAPIA COGINITVO COMPORTAMENTAL?

A funcionalidade da Terapia Cognitivo Comportamental está baseada em 10 princípios fundamentais. São Eles:

1. O contínuo processo de desenvolvimento e resolução de problemas cognitivos, durante todo o processo terapêutico. A formulação de caso, a estruturação do modelo cognitivo, a coleta de informações trazida pelo paciente se dá ao longo das sessões e de todo o tratamento. Com a participação e a validação do paciente sobre os passos que estão sendo dados, ocorre o refinamento da psicoterapia.

2. A Aliança terapêutica deve ser consistente e segura. De fato, o profissional deverá demonstrar cordialidade, empatia, atenção, respeito genuíno e competência para com o seu paciente. Devem ser utilizadas declarações empáticas, escutar com atenção e cuidado e sendo realisticamente otimista diante de seu paciente, como também incentivar para que seu paciente acredite em si mesmo e retorne às sessões.

3. A participação e colaboração ativa do paciente deve ser incentivada pelo psicoterapeuta. Por exemplo, encorajar a ver a terapia como um trabalho em equipe é essencial: as decisões serão tomadas em conjunto, o que será trabalhado em cada sessão, a frequência das sessões, o que fazer entre as sessões. Posteriormente o próprio paciente poderia pedir ou encaminhar assuntos de sua preferencia com mais autonomia e segurança em benefício de seu tratamento.

4. A Terapia Comportamental Cognitiva é orientada em metas e focada na resolução de problemas. Nesse caso, o paciente revelará sua queixa (seu problema) e junto com seu terapeuta definirão estratégias de enfrentamento para resolvê-lo. As dificuldades poderão ser cognitivas, emocionais, comportamentais ou combinadas. Cabe ao terapeuta, junto com seu paciente organizar e traçar metas, como também a construção de estratégias de resolução dos problemas em questão.

5.  Inicialmente a terapia cognitiva enfatiza o presente. Independentemente do diagnóstico o terapeuta cognitivo comportamental costuma iniciar a terapia examinando os problemas no aqui-e-agora, com as queixas do momento, ou seja, volta-se para os problemas atuais e sobre situações específicas que estão causando danos na vida do paciente. Contudo, é falsa a ideia que essa abordagem terapêutica é superficial e não se comunica com a história e o passado dos pacientes, tampouco com sua infância. Três situações conduzem o terapeuta cognitivo comportamental ao passado: quando o paciente gosta e insiste em voltar ao passado, quando o trabalho com os problemas do momento produz pouca ou nenhuma mudança esperada ou quando se julga o quão importante é entender como e quando pensamentos disfuncionais se originaram e que ainda hoje afetam negativamente a vida do paciente.

6. A terapia Cognitiva Comportamental é educativa e busca ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, como também o ensina a prevenir recaídas. De fato a psicoeducação é parte integrante desse modelo terapêutico. O paciente aprende junto ao seu terapeuta novas maneiras de pensar sobre os mesmos fatos, fenômenos e acontecimentos, ou seja, deixa claro como que seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamentos. Portanto, formas de pensamentos mais estruturadas e realísticas podem deixar a vida do paciente mais harmoniosa e funcional nas situações de seu dia a dia (trabalho, estudo, lazer, relacionamento, saúde entre outros).

7.  O tempo da Terapia Cognitivo Comportamental tende a ser limitado. Esse tempo irá depender de cada paciente e da severidade de sua patologia, portanto seria impreciso e desonesto estabelecer o tempo de tratamento. Na literatura casos variaram entre três meses e dois anos com progresso terapêutico. O paciente receberá alta após algumas etapas serem cumpridas ao longo das sessões como: prover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do transtorno, ajudar o paciente a resolver seus problemas mais prementes e ensinar-lhe o uso de ferramentas para que esteja menos propenso a recaídas.

8. As sessões de terapia são estruturadas na abordagem Comportamental Cognitiva. Aqui disponibilizo um modelo estrutural de sessão que pode ser usado pelo seu psicólogo: verificação do humor do paciente, examinar rapidamente a semana, definir conjuntamente uma agenda para a sessão, pedir devolutiva da sessão anterior, revisar a tarefa de casa, discutir os itens da agenda do dia, estabelecer novas tarefas e estratégias para semana, resumir a sessão do dia e pedir feedback do paciente. Seguir esse formato faz o processo da terapia ser mais compreensível para o paciente e aumenta a probabilidade de ele ser capaz de fazer autoterapia após o término do tratamento.

9. Identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. Ao se deparar com pensamentos disfuncionais o paciente aprende a questioná-los por meio do questionamento socrático leve ou também por meio da descoberta orientada (técnicas ensinadas pelo psicoterapeuta).

10.  Utilização de uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, humor e comportamento. Outras técnicas podem ser utilizadas para o tratamento dos pacientes diante de suas patologias tais como:

• Ansiedade Generalizada (reavaliação de risco em situações particulares e os recursos da pessoa para lidar com ameaça);
• Transtornos de Pânico (testagem das interpretações errôneas catastróficas do paciente – de sensações corporais ou mentais, geralmente previsões errôneas ameaçadoras da sanidade mental ou da vida);
• Anorexia (requer uma modificação de crenças sobre o valor pessoal e controle);
• Abuso de substâncias (tem foco em crenças negativas sobre o eu e crenças facilitadoras ou permissivas em relação ao uso da substância).

QUANDO DEVO BUSCAR PSICOTERAPIA?

Geralmente quando enfrentamos ou temos que enfrentar situações e temos a percepção que estamos sofrendo, ou que não daremos conta, ou perderemos ou perdemos parcialmente ou totalmente o controle de nossos pensamentos, emoções e ações. Outras situações que podem ocorrer é quando nos deparamos com problemas íntimos e particulares e não conseguimos dividi-los com nossos familiares ou com amigos por receio de sermos incompreendidos, mal interpretados ou até mesmos julgados injustamente. De fato, não precisamos sofrer sozinhos ou dar conta de todos os problemas: somos seres humanos falíveis e imperfeitos, e ao longo da vida, inúmeras situações nos colocarão a prova nos gerando angústias, sofrimento, doenças, descontrole e prostração. Contudo a psicoterapia pode ser providencial para atuar de maneira preventiva diante de problemas que já estão em andamento mudando o rumo das coisas para um desfecho ou direção mais salutar. Decisões profissionais e pessoais podem ser alicerçadas pela psicoterapia; questões relacionadas ao casamento, aos filhos e parentalidade podem ser mais bem ajustadas por meio da psicoterapia, bem como buscar autoconhecimento, bem estar subjetivo e qualidade de vida.

SOMENTE PESSOAS "LOUCAS" DEVEM FAZER PSICOTERAPIA? FAZER PSICOTERAPIA É UM SINAL DE FRAQUEZA?

Infelizmente o tratamento da saúde mental, para muitos, ainda resvala no estigma do tratamento da “loucura” e buscar ajuda para problemas pessoais nessa área significa erroneamente que se o individuo não dá conta sozinho de seus problemas e dificuldades é taxado de fraco, sobretudo no universo masculino. Contrariamente a esse tipo de pensamento defasado, ao buscar ajuda psicológica a pessoa demonstra coragem e um sinal de força, pois decidiu não aceitar mais a situação em que se encontra e busca melhorar por meio de uma ajuda profissional. Se avaliarmos nesse sentido, podemos dizer que buscar a psicoterapia foi uma decisão sensata e madura, o começo de uma nova fase! É perfeitamente compreensível que nos sintamos confusos, com medo, inseguros, e o pedido de ajuda psicológica tem relação com a compreensão desses sintomas e a busca por estratégias para aprender a suportá-los. Diante disso, importa que estejamos atentos aos sinais que corpo e mente nos dão, e, se percebermos que é um momento adequado para a procura profissional, nos implicarmos nisso.

SE EU ME ENVOLVER COM A TERAPIA, VOU ME SENTIR MAL POR TER QUE REVELAR MINHA RAIVA OU VERGONHA?

É compreensível ficarmos ansiosos acerca de revelar coisas pessoais à outra pessoa, mesmo sendo um profissional da área da Psicologia como um terapeuta. Contudo os terapeutas são qualificados e estão cientes de que as coisas das quais nos envergonhamos são aquelas que causam nossos problemas e terão empenho em nos ajudar, acredite! Na verdade nós não temos evidências de que um terapeuta vai nos olhar com desprezo se nos abrirmos com ele sobre as coisas das quais estamos sofrendo. Pense bem, da mesma forma que um cirurgião espera lidar com sangue e vísceras, terapeutas esperam lidar com os lados menos prazerosos ou bonitos de nossas vidas, estão preparados para isso, acredite!

Quanto mais estivermos inclinados a encarar aquilo que nos deixa em sofrimento, maior será nosso autoconhecimento; e com maior facilidade aprenderemos a não deixar mais que essas coisas nos perturbem. Um terapeuta não pode nos forçar a falar, então podemos ir seguindo o nosso próprio ritmo, avaliando o quanto a terapia está sendo útil e estabelecer nosso vínculo de confiança com o profissional de nossa escolha aos poucos.

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Dr. Marcelo Martinelli

CRP: 06/120858

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